O vestido velho acusou mentiras. Mal
sabe ele que sofro de esquecimento. É sempre assim o encontro da razão e da
realidade, as duas se conhecem, são vizinhas e mentem muito acreditando que são
senhoras distintas de natureza nobre. Mal sabem que sua origem é das trevas e santas promessas vivem a sua
espera. Faço de conta que acredito na sua importância e que reconheço sua
integridade. Ouço os sussurros ao meu ouvido: insana e demente. As vozes pensam
que eu nasci longe da verdade, sempre me avaliam por sorte de várias promessas,
e se esquecem dessa luz que me acompanha,
que adormece a cada raiar do dia, e prefere permanecer oculta. Da loucura quero
distância e ventos sopram ao meu favor, a grade já foi cerrada, os passarinhos
já fugiram da tempestade só aguardo sua chegada, sei que é certo, me deixarão
partir, nunca mais seus sussurros hei de obedecer. A justiça virá a cavalo e
com sede, muita sede. Deram-me penas falantes, e nessas letras despedaçam
milhares de algemas. Ouço risos em tom de vitória e deixo tudo dentro
escorrendo entre essas alegrias passageiras, é como um rio de correnteza forte,
que me arrasta junto com os troncos e destroços depois da chuva. A força da
água corre no meu peito e meu olhar se dispersa no horizonte. Posso jurar que
quero uma cura, uma receita caseira, pode ser um chá, para que esse peito não
doa mais dividido em liquida força. Atravesso a ponte com a esperança de achar
minha cura do outro lado, naquele lugar onde
as imagens não são mais necessárias.
07 novembro 2015
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