26.
não sobrou nenhuma oração
nunca sobra nenhuma oração
quando deus se esquece das
voisas da carne e desagua
dentro de mim.
é talvez o poema que faz isso:
que se enterra, que assalta,
que agride, mas o poema não
interessa, a virtude não existe
e o verso é apenas um homem
e a mulher apenas uma mulher.
o que existe é a água, a sede,
a fome e a necessidade de desaguar
sangue dentro da pele; o ridículo
do miar do gato, a treva, a noite,
a saliva gasta mas que subsiste
no toque da carne.
tudo o mais é ilusão:
as valas da pele na superfície
da cama.
25 agosto 2011
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