21 outubro 2009

Clarice


Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto - e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras - quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo.

Clarice Lispector de seu livro " Um Sopro de Vida ".
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4 comentários:

  1. Felipe Costa Marques21 de outubro de 2009 às 18:18

    Clarificou muito bem...
    curti tudo aqui...
    bjos

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  2. ítalo puccini22 de outubro de 2009 às 19:39

    encantador.

    tudo o que vem de clarice assim é.

    escolha ímpar a sua.

    parabéns.

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  3. Cássio Amaral24 de outubro de 2009 às 07:24

    ZEN

    o nada é tudo
    tudo é o nada
    o vazio é a forma
    a forma é o vazio
    a mente
    tudo M E N T E

    Cássio Amaral.

    Fofa, as palavras de Clarice dizem muito bem, deixar o vazio dominar, enfrentar o papel em branco. Doar-se na escrita, ir além do visível. Escrever é um ato de necessidade, mas sobretudo uma doação para a humanidade.

    Beijabraços.

    CA.

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  4. Robson27 de outubro de 2009 às 09:40

    Claro Alice, o gato não sorriu, ele estava preso na parede...

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