28 setembro 2009
Fio
Menino às margens, mãe da vida, pai foragido da polícia. Sonha em soltar pipas e agarrar no fio o seu destino. Incerta estrada traçada. Cadê o colo, o zelo, o calor de Maria? Vê Jesus na cruz e respeita sua sina. Os sinos anunciam a hora sexta. Trevas reverberam o fardo, a madeira feita de carvalho.
Minas Gerais
Dois lados. Amantes foragidos da loucura brincam.
Minas, fruto maduro. Suas gerais transmutam em idéias simples: olhar ao lado, caminhar acompanhado.
Cinza
O cheiro da carne inspira meu voo. Abutres a caminho da refeição. Testemunha ocular da desgraça, vê asas fora e crê: haverá redenção. Correnteza, ciclo inevitável. Rezo a Deus piedade. Escuro é o centro dessa clarividência.
Liberdade
Para Cássio Amaral
Agreste perfume impregnado em minha pele, cascos purificados, árvore restabelecida. Regresso ao chão dos mortais desejos e a lua insana se veste de nossos corpos. Suor que uiva nos pulsos, salta da corrente e embala os sonhos. Olhos fechados. A cruz louvada aos pés da cama.
Agreste perfume impregnado em minha pele, cascos purificados, árvore restabelecida. Regresso ao chão dos mortais desejos e a lua insana se veste de nossos corpos. Suor que uiva nos pulsos, salta da corrente e embala os sonhos. Olhos fechados. A cruz louvada aos pés da cama.
09 setembro 2009
04 setembro 2009
Ilumina
Com saliva e barro fez lodo untou-me os olhos e disse: Lava-te no tanque de Siloé. A água lavou os pecados e abriu-me os olhos. Cega de nascença a luz me é estranha. A verdade fruto comido no pé. Maçã proibida, éden redescoberto. A visão deparou-me com afetos frágeis e perdi o olhar por dentro. Reconheço o inferno ante meus pés.
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